segunda-feira, 2 de março de 2009

Mia Couto

Hoje deixo-vos com Mia Couto, mais um dos meus poetas do coração...

Poema da despedida
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Não saberei nunca
dizer adeus
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Afinal,
só os mortos sabem morrer
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Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
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Talvez o amor,
neste tempo, seja ainda cedo
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Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
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Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
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Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo
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Mia Couto, Abril 1984

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