quarta-feira, 12 de agosto de 2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

sábado, 13 de junho de 2009

Memória de um dia como o de hoje


Disseram-me que estava um dia quente e abafado como esteve hoje, na véspera o jantar tinha sido um gaspacho com carapaus fritos, essa fresca delícia da gastronomia alentejana. Foi num dia assim como hoje, dia de Santo António, mas há umas décadas atrás. A minha mãe a sofrer. Não só de calor, não apenas de cansaço mas também de dores. Muitas dores,disse-me. Dores suportadas sem ajuda médica, nem medicamentos mas com uma grande alegria. Em casa, tendo ao lado a mãe, a irmã e uma vizinha, a soprar para dentro de uma garrafa e agarrada às mãos que se lhe ofereciam generosamente a minha mãe ia gemendo de dores e aguentando.
Horas e horas de sofrimento até eu nascer. Nasceu teimosa e robusta esta alentejaninha de gema, desde cedo habituada ao arroz de passarinhos, apanhados pelo meu pai, especialmente para mim, em armadilhas armadas para o efeito. O efeito era obviamente nutrirem-me, numa altura que ainda não havia farinhas lácteas, como por exemplo a maizena - passe a publicidade - pelo menos para mim, assim vim com o inclemente calor de Junho, como nessa altura o mês dos santos populares costumava ser.
Comecei por berrar os sete berrados, depois de apanhar as palmadas da praxe. A vizinha experiente, transformada em parteira, que haveria de cortar o cordão que nos unia às duas. Mãe e filha unidas para a vida. A vizinha adquiriria nesse tempo o estatuto de "madrinha" por ter sido ela a cortar o cordão umbilical. Já não habita neste mundo mas, durante muitos anos da minha vida ainda convivi de perto com ela.
A minha verdadeira madrinha estava ao lado, era a minha avó que também já partiu mas está com toda a certeza num lugar muito bom, a acompanhar de perto a minha caminhada. Sinto que está comigo a todas as horas da minha vida.
A minha tia, irmã da minha mãe foi hoje uma das primeiras pessoas a dar-me os parabéns. Ela que sofreu há pouco um dos maiores desgostos que uma mulher deve sofrer. Ninguém deve sofrer assim, principalmente uma mãe. Deve sofrer-se para a vida, não para a morte.
Como sempre, ao meu lado estiveram hoje as mulheres da minha vida - e os homens também claro porque, meus amigos vocês também são muito importantes para mim - que são a minha mãe, a minha irmã e a minha sobrinha. Eu e elas, unidas por um cordão invisível mas forte e inquebrável. Um cordão de amor. Para elas envio um forte e caloroso abraço.
E ... obrigada mãe!!!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sócrates e a Liberdade

Li há uns tempos atrás este texto de António Barreto no Jornal Público e deixo-vos hoje com ele. Considero-o um tema importante e actual. Eis um texto de um "insuspeito" que pede para acordarmos. Ou ao menos para reflectirmos.


"EM CONSEQUÊNCIA DA REVOLUÇÃO DE 1974 , criou raízes entre nós a ideia de que qualquer forma de autoridade era fascista. Nem mais, nem menos. Um professor na escola exigia silêncio e cumprimento dos deveres?Fascista! Um engenheiro dava instruções precisas aos trabalhadores no estaleiro? Fascista! Um médico determinava procedimentos específicos no bloco operatório? Fascista! Até os pais que exerciam as suas funções educativas em casa eram tratados de fascistas. Pode parecer caricatura, mas essas tontices tiveram uma vida longa e inspiraram decisões, legislação e comportamentos públicos. Durante anos, sob a designação de diálogo democrático, a hesitação e o adiamento foram sendo cultivados, enquanto a autoridade ia sendo posta em causa. Na escola, muito especialmente, a autoridade do professor foi quase totalmente destruída.

EM TRAÇO GROSSO, esta moda tinha como princípio a liberdade. Os denunciadores dos 'fascistas' faziam-no por causa da liberdade. Os demolidores da autoridade agiam em nome da liberdade. Sabemos que isso era aparência: muitos condenavam a autoridade dos outros, nunca a sua própria; ou defendiam a sua liberdade, jamais a dos outros. Mas enfim, a liberdade foi o santo e a senha da nova sociedade e das novas culturas. Como é costume com os excessos, toda a gente deixou de prestar atenção aos que, uma vez por outra, apareciam a defender a liberdade ou a denunciar formas abusivas de autoridade. A tal ponto que os candidatos a déspota começaram a sentir que era fácil atentar, aqui e ali, contra a liberdade: a capacidade de reacção da população estava no mais baixo.

POR ISSO SINTO INCÓMODO em vir discutir, em 2008, a questão da liberdade. Mas a verdade é que os últimos tempos têm revelado factos e tendências já mais do que simplesmente preocupantes. As causas desta evolução estão, umas, na vida internacional, outras na Europa, mas a maior parte residem no nosso país. Foram tomadas medidas e decisões que limitam injustificadamente a liberdade dos indivíduos. A expressão de opiniões e de crenças está hoje mais limitada do que há dez anos. A vigilância do Estado sobre os cidadãos é colossal e reforça-se. A acumulação, nas mãos do Estado, de informações sobre as pessoas e a vida privada cresce e organiza-se. O registo e o exame dos telefonemas, da correspondência e da navegação na Internet são legais e ilimitados. Por causa do fisco, do controlo pessoal e das despesas com a saúde, condiciona-se a vida de toda a população e tornam-se obrigatórios padrões de comportamento individual.

O CATÁLOGO É ENORME. De fora, chegam ameaças sem conta e que reduzem efectivamente as liberdades e os direitos dos indivíduos. A Al Qaeda, por exemplo, acaba de condicionar a vida de parte do continente africano, de uma organização europeia, de milhares de desportistas e de centenas de milhares de adeptos. Por causa das regulações do tráfego aéreo, as viagens de avião transformaram-se em rituais de humilhação e desconforto atentatórios da dignidade humana. Da União Europeia chegam, todos os dias, centenas de páginas de novas regulações e directivas que, sob a capa das melhores intenções do mundo, interferem com a vida privada e limitam as liberdades. Também da Europa nos veio esta extraordinária conspiração dos governos com o fim de evitar os referendos nacionais ao novo tratado da União.

MAS NEM É PRECISO IR LÁ FORA. A vida portuguesa oferece exemplos todos os dias. A nova lei de controlo do tráfego telefónico permite escutar e guardar os dados técnicos (origem e destino) de todos os telefonemas durante pelo menos um ano. Os novos modelos de bilhete de identidade e de carta de condução, com acumulação de dados pessoais e registos históricos, são meios intrusivos. A vídeovigilância, sem limites de situações, de espaços e de tempo, é um claro abuso. A repressão e as represálias exercidas sobre funcionários são já publicamente conhecidas e geralmente temidas A politização dos serviços de informação e a sua dependência directa da Presidência do Conselho de Ministros revela as intenções e os apetites do Primeiro-ministro. A interdição de partidos com menos de 5.000 militantes inscritos e a necessidade de os partidos enviarem ao Estado a lista nominal dos seus membros é um acto de prepotência. A pesada mão do governo agiu na Caixa Geral de Depósitos e no Banco Comercial Português com intuitos evidentes de submeter essas empresas e de, através delas, condicionar os capitalistas, obrigando-os a gestos amistosos. A retirada dos nomes dos santos de centenas de escolas (e quem sabe se também, depois, de instituições, cidades e localidades) é um acto ridículo de fundamentalismo intolerante. As interferências do governo nos serviços de rádio e televisão, públicos ou privados, assim como na 'comunicação social' em geral, sucedem-se. A legislação sobre a segurança alimentar e a actuação da ASAE ultrapassaram todos os limites imagináveis da decência e do respeito pelas pessoas. A lei contra o tabaco está destituída de qualquer equilíbrio e reduz a liberdade.

NÃO SEI SE SÓCRATES É FASCISTA. Não me parece, mas,sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu governo. O Primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas.


TEMOS DE RECONHECER: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação? Acordo? Só se for medo..."

António Barreto in Público

domingo, 7 de junho de 2009

quarta-feira, 27 de maio de 2009

ESTE PAÍS NÃO É PARA PARVOS !!!

Nos últimos tempos tenho andado arredada destas páginas. Mais do que desejaria é verdade mas, o certo é que os meus amigos não têm perdido grande coisa. Tenho estado em "quarentena emocional", já que o meu sentido de humor, nos últimos tempos não tem sido muito famoso, para variar e ninguém tem que arcar com isso.
Por este meu humilde habitáculo térreo tem perpassado um leque alargado de emoções e sentimentos, bastante convergentes entre si : mágoa, desencanto, raiva, impotência ... e quando isso acontece não me apetece seguir viagem e páro. Meto a cabeça (com corninhos e tudo) na carapaça e não estou para ninguém.
Adiante...
Neste meu regresso (ao passado?) parece-me contudo que, tal como os meus amigos também eu não tenho perdido grande coisa por cá. Tudo isto está na mesma ou pior. Falo de quê ou de quem? Do costume. Deste meu e nosso, cada vez mais triste país e dos seus orquestradores de sempre. Ei-los por aí novamente, a atacar em todas as frentes, deste os comíciosinhos às jantaradas. É pá cum catano, já chega!
- Meus senhores: vocelências são já sobejamente conhecidos de todos nós, portanto vão mas é pastar lesmas e desamparem-nos a loja.
Mas não, os gajos não desarmam e parecendo todos e cada um que descobriram a pólvora lá nos vão moendo o juízo, tentando vender a banha da cobra. Como dizia, há uns anos atrás um conhecido casal de cómicos: É política.
Áparte isso temos as cenas do costume desde os temas policiais e justicialistas (???) até aos mais sinistros casos de corrupção " dizem por aí... que eu cá não sei nada". Enfim, tudo temas a que nós portugueses não estamos nada habituados. Mas eu conto ficar por cá e tentar acompanhar todos os desenvolvimentos deste filme, que se intitula:" ESTE PAÍS NÃO É PARA PARVOS!!!"
Um abraço.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cidade

gosto da minha cidade
com vida dentro
um mar de gente
errante, mas com destino
vivendo num alegre turbilhão
de fantasia, movimento,
reboliço, novidade
um povo presente
em constante agitação
gosto, da minha cidade
com coração.

domingo, 19 de abril de 2009

Somos todos iguais?

Hoje ouvi a notícia, de que o governo está apostado em combater a corrupção dos funcionários públicos.

Desde já digo, pela parte que me toca, que me sinto humilhada e indignada com os disparates, que os governantes arranjam. Nada temo, sobre tal assunto, e tenho a certeza que a grande maioria dos funcionários públicos também não!!!
Nunca recebi qualquer presente de ninguém. Nunca. Nem em dinheiro, nem em géneros. Nada!

Se não fosse pedir muito, agradecia que os governantes do meu país se preocupassem, fundamentalmente em combater a crise.
Sim, a CRISE pela qual, embora uns mais do que outros estamos a passar. Sinto vergonha que haja pessoas a passar fome no meu país, 35 anos após a revolução do 25 de Abril.

Ficava igualmente agradecida se a justiça funcionasse como deveria. Duplamente satisfeita com melhorias no SNS, no combate ao desemprego, à fraude e evasão fiscal, ao combate ao enriquecimento ilícito e por aí fora...

Existe corrupção? Sim, muita. Mas teremos que, apesar de nos arriscarmos a apanhar muitos torcicolos, olhar para cima. Bem para cima, porque não somos todos iguais.
Há uns mais iguais do que outros ... mas está tudo doido ou quê?

Uma anedota!!!

O OVO

Um homem está na cozinha, a estrelar um ovo, quando a mulher chega e começa a gritar, como uma louca:

- PÕE MAIS ÓLEO !!! PÕE MAIS ÓÓÓÓÓLEOOOO !!! VAI COLAR AO FUUUUUUNDO ... CUIDADO !!! VIRA, VIRA, ANDA VIRA... RÁÁÁÁPIDO !!! VAI, CUIDADO! CUIDADO !!!

VAI ESPIRRAR... !!!!!! PARECE QUE É LOUCO.... VAI ENTORNAR... AI, MEU DEUS! O SAAAAAAALLLL!!!!! NÃO ESQUEÇAS DO SAAAAAALLL!!!

O homem, trémulo, transtornado e irritado com os beeeerroooos, pergunta:

- O DIABO DA MULHER !!! POR QUE É QUE ESTÁS A GRITAR DESSA MANEIRA?!?ACHAS QUE EU NÃO SEI FRITAR UM OVO?

E a mulher, super calma, responde: - Nada de especial, é só para teres uma ideia do que fazes comigo quando eu conduzo ....

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ora digam lá quem escreveu...

De momento ando com pouco tempo, para dedicar a estas páginas, por isso deixo-vos hoje esta pequena frase, bastante conhecida aliás e pergunto:

- Quem a escreveu e quando? Somos hoje um povo muito diferente do descrito nesta frase?


"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonha, feixes de miséria, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia de um coice, pois que já nem com as orelhas é capaz de sacudir as moscas. [...]"

Existem coisas que não mudam mesmo com o tempo. E é pena !!!

Bom fim-de-semana e um abraço.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Para reflectir!

" Às vezes, lavando as mãos sujamos a consciência."


(Autor desconhecido)


Vivemos num mundo perigoso e em crise. Num país também ele em crise.
Em crise permanente. Apenas económica? Não me parece. Também crise de valores.
Ou melhor, da falta deles!
Vivemos rodeados pela injustiça, pela mentira, pela desonestidade.
O desânimo instalou-se dentro de nós e não quer sair.
Há que expulsá-lo, arranjar forças e não baixar os braços.
Temos que lutar contra o desencanto, todos os dias, a todas as horas... sempre!


Um abraço,

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O tempo que nos resta


O grito de Edvard Munch - 1893


De súbito sabemos que é já tarde. Quando a luz se faz outra, quando os ramos da árvore que somos soltam folhas e o sangue que tínhamos não arde como ardia, sabemos que viemos e que vamos. Que não será aqui a nossa festa. De súbito chegamos a saber que andávamos sozinhos. De súbito vemos sem sombra alguma que não existe aquilo em que nos apoiávamos. A solidão deixou de ser um nome apenas. Tocamo-la, empurra-nos e agride-nos. Dói. Dói tanto! E parece-nos que há um mundo inteiro a gritar de dor, e que à nossa volta quase todos sofrem e são sós. Temos de ter, necessariamente, uma alma. Se não, onde se alojaria este frio que não está no corpo?Rimos e sabemos que não é verdade. Falamos e sabemos que não somos nós quem fala.

Já não acreditamos naquilo que todos dizem. Os jornais caem-nos das mãos. Sabemos que aquilo que todos fazem conduz ao vazio que todos têm. Poderíamos continuar adormecidos, distraídos, entretidos. Como os outros. Mas naquele momento vemos com clareza que tudo terá de ser diferente. Que teremos de fazer qualquer coisa semelhante a levantarmo-nos de um charco. Qualquer coisa como empreender uma viagem até ao castelo distante onde temos uma herança de nobreza a receber. O tempo que nos resta é de aventura. E temos de andar depressa. Não sabemos se esse tempo que ainda temos é bastante. E de súbito descobrimos que temos de escolher aquilo que antes havíamos desprezado. Há uma imensa fome de verdade a gritar sem ruído, uma vontade grande de não mais ter medo, o reconhecimento de que é preciso baixar a fronte e pedir ajuda. E perguntar o caminho.

Ficamos a saber que pouco se aproveita de tudo o que fizemos, de tudo o que nos deram, de tudo o que conseguimos. E há um poema, que devíamos ter dito e não dissemos, a morder a recordação dos nossos gestos. As mãos, vazias, tristemente caídas ao longo do corpo. Mãos talvez sujas. Sujas talvez de dores alheias. E o fundo de nós vomita para diante do nosso olhar aquelas coisas que fizemos e tínhamos tentado esquecer. São, algumas delas, figuras monstruosas, muito negras, que se agitam numa dança animalesca. Não as queremos, mas estão cá dentro. São obra nossa. Detestarmo-nos a nós mesmos é bastante mais fácil do que parece, mas sabemos que também isso é um ponto da viagem e que não nos podemos deter aí. Agora o tempo que nos resta deve ser povoado de espingardas. Lutar contra nós mesmos era o que devíamos ter aprendido desde o início.

Todo o tempo deve ser agora de coragem. De combate. Os nossos direitos, o conforto e a segurança? Deixem-nos rir... Já não caímos nisso! Doravante o tempo é de buscar deveres dos bons. De complicar a vida. De dar até que comece a doer-nos. E, depois, continuar até que doa mais. Até que doa tudo. Não queremos perder nem mais uma gota de alegria, nem mais um fio de sol na alma, nem mais um instante do tempo que nos resta.

Paulo Geraldo

sexta-feira, 27 de março de 2009

Respeite os animais



Isto é dedicado a ti PIPOCA.

Os teus donos são teus amigos. És uma sortuda, pois nem todos tem a sorte que tu tiveste. Por favor não rosnes ao Dédé. Fica bem...





sábado, 21 de março de 2009

Porquê António?

Sento-me no banco alto e peço uma bebida.
Mais uma, a última da noite.
Dessa ou de todas
as que poderão vir a existir.
Bebo lentamente, escorre-me pela garganta o sabor
amargo do líquido gelado.
Estou só, como sempre estive, embora
acompanhado, estou só.
A vida foge-me pelos dedos mas já não importa...
Que se lixe! Peço outra bebida e mais outra ainda,
peço todas e bebo devagar, abandonado
ao pensamento que me consome, que me devora.
Sinto calor, abro a camisa, levanto-me para sair.
Olho à volta mas só distingo névoa, fumo, vapor
de alcool. Bebido em solidão embora junto a outros
companheiros de infortúnio. Saio porta fora
para a noite escura, as pernas levam-me para longe dali,
para fora de mim.
Vou embora devagarinho, nem me despeço.
Apenas vou.
Ou me deixo ir...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Questões de carácter

Máxima própria:


" pior... muito pior do que não ter carácter * é ser um mau carácter."


Julgo que a maioria dos portugueses concordará comigo, dada a situação por que estamos a passar. É graças a tantos gajos "mau carácter", que nos cercam que nós estamos atolados até às orelhas nesta crise, da qual não vislumbramos uma réstia de luz ao fundo do túnel, por mais ínfima que ela seja.
o
Um abraço do tamanho do mundo !!!
o
* Não considero Manuel Alegre falho de carácter, embora anseie por uma mais clara tomada de posição e, se não for pedir muito por uma completa demarcação deste desgoverno ... que nos desgraça, cada vez mais.
o

sexta-feira, 6 de março de 2009

AOS AMIGOS PRÓXIMOS E DISTANTES

retirada da Internet

"Nada, jamais, substituirá um companheiro perdido. Ninguém pode recriar velhos companheiros. Nada vale o tesouro de tantas recordações comuns, de tantas horas más vividas juntos, de tantas desavenças, de tantas reconciliações, de tantos impulsos afetivos. Não se reconstroem essas amizades. Seria inútil plantar um carvalho, na esperança de ter, em breve, o abrigo de suas folhas. Assim vai a vida. A princípio enriquecemos. Plantamos durante anos, mas os anos chegam em que o tempo destrói esse trabalho, arranca essas árvores. Um a um, os companheiros nos tiram suas sombras. E aos nossos lutos mistura-se então a mágoa secreta de envelhecer..."

Antoine de Saint-Exupéry in Terra dos Homens


retirada da Internet

A saudade dói. Flores para os meus amigos próximos e ausentes.

Um abraço.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Lágrimas ocultas


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,

Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
...
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca


segunda-feira, 2 de março de 2009

Mia Couto

Hoje deixo-vos com Mia Couto, mais um dos meus poetas do coração...

Poema da despedida
0
Não saberei nunca
dizer adeus
0
Afinal,
só os mortos sabem morrer
0
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
0
Talvez o amor,
neste tempo, seja ainda cedo
0
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
0
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
0
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo
0
Mia Couto, Abril 1984

domingo, 1 de março de 2009

Malhar !!!

Existe um "tipo" em Portugal que gosta muito de malhar.

Sente-se muito bem a malhar à esquerda e à direita.

A malhar em sujeitos e sujeitas que ousem criticar o seu ídolo, que ousem sequer esboçar uma ideia que seja divergente do rumo que o seu amo sonhou para o país.

Não ousem criticar, dizer mal, pôr em causa as opções tomadas pelo grupo de "iluminados" que nos governa, senão ele chega e malha a torto e a direito.

Malha, malha e malha sem parar...

E nós humilde povo?

Quando é que começamos a malhar em todos os sujeitos e sujeitas que nos andam a enganar, a roubar e ainda por cima gritam aos sete ventos que gostam de nos malhar?

Um bom malho serão as eleições que se avizinham, a melhor altura para mostrar que estamos fartos de sujeitos trauliteiros, arrogantes e autistas.

A melhor altura para mostrar que não somos um país de bandalhos, que resignados segue a corte à espera das migalhas que nos queiram lançar como engodo.

Fazê-los pagar caro a falta de decoro e de respeito que têm, por todos os que neles depositaram confiança, isso sim será uma boa MALHA ...

Um abraço

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

ANO NOVO VIDA VELHA?

Um Novo Ano começou e com ele a esperança de melhores dias...
Será? Não me parece.
A não ser que todos os portugueses se unam e gritem bem alto:

- ANO NOVO VIDA NOVA, POLÍTICA VELHA PARA A RUA JÁ!

Um abraço

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

A paz sem vencedor e sem vencidos




Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Que o tempo que nos deste seja um novo

Recomeço de esperança e de justiça

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos


A paz sem vencedor e sem vencidos


Erguei o nosso ser à transparência

Para podermos ler melhor a vida

Para entendermos vosso mandamento

Para que venha a nós o vosso reino

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos


A paz sem vencedor e sem vencidos


Fazei Senhor que a paz seja de todos

Dai-nos a paz que nasce da verdade

Dai-nos a paz que nasce da justiça

Dai-nos a paz chamada liberdade

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos


A paz sem vencedor e sem vencidos

Sophia de Mello Breyner Andresen in Cem Poemas de Sophia
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BOM ANO NOVO PARA TODOS