quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cidade

gosto da minha cidade
com vida dentro
um mar de gente
errante, mas com destino
vivendo num alegre turbilhão
de fantasia, movimento,
reboliço, novidade
um povo presente
em constante agitação
gosto, da minha cidade
com coração.

domingo, 19 de abril de 2009

Somos todos iguais?

Hoje ouvi a notícia, de que o governo está apostado em combater a corrupção dos funcionários públicos.

Desde já digo, pela parte que me toca, que me sinto humilhada e indignada com os disparates, que os governantes arranjam. Nada temo, sobre tal assunto, e tenho a certeza que a grande maioria dos funcionários públicos também não!!!
Nunca recebi qualquer presente de ninguém. Nunca. Nem em dinheiro, nem em géneros. Nada!

Se não fosse pedir muito, agradecia que os governantes do meu país se preocupassem, fundamentalmente em combater a crise.
Sim, a CRISE pela qual, embora uns mais do que outros estamos a passar. Sinto vergonha que haja pessoas a passar fome no meu país, 35 anos após a revolução do 25 de Abril.

Ficava igualmente agradecida se a justiça funcionasse como deveria. Duplamente satisfeita com melhorias no SNS, no combate ao desemprego, à fraude e evasão fiscal, ao combate ao enriquecimento ilícito e por aí fora...

Existe corrupção? Sim, muita. Mas teremos que, apesar de nos arriscarmos a apanhar muitos torcicolos, olhar para cima. Bem para cima, porque não somos todos iguais.
Há uns mais iguais do que outros ... mas está tudo doido ou quê?

Uma anedota!!!

O OVO

Um homem está na cozinha, a estrelar um ovo, quando a mulher chega e começa a gritar, como uma louca:

- PÕE MAIS ÓLEO !!! PÕE MAIS ÓÓÓÓÓLEOOOO !!! VAI COLAR AO FUUUUUUNDO ... CUIDADO !!! VIRA, VIRA, ANDA VIRA... RÁÁÁÁPIDO !!! VAI, CUIDADO! CUIDADO !!!

VAI ESPIRRAR... !!!!!! PARECE QUE É LOUCO.... VAI ENTORNAR... AI, MEU DEUS! O SAAAAAAALLLL!!!!! NÃO ESQUEÇAS DO SAAAAAALLL!!!

O homem, trémulo, transtornado e irritado com os beeeerroooos, pergunta:

- O DIABO DA MULHER !!! POR QUE É QUE ESTÁS A GRITAR DESSA MANEIRA?!?ACHAS QUE EU NÃO SEI FRITAR UM OVO?

E a mulher, super calma, responde: - Nada de especial, é só para teres uma ideia do que fazes comigo quando eu conduzo ....

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ora digam lá quem escreveu...

De momento ando com pouco tempo, para dedicar a estas páginas, por isso deixo-vos hoje esta pequena frase, bastante conhecida aliás e pergunto:

- Quem a escreveu e quando? Somos hoje um povo muito diferente do descrito nesta frase?


"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonha, feixes de miséria, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia de um coice, pois que já nem com as orelhas é capaz de sacudir as moscas. [...]"

Existem coisas que não mudam mesmo com o tempo. E é pena !!!

Bom fim-de-semana e um abraço.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Para reflectir!

" Às vezes, lavando as mãos sujamos a consciência."


(Autor desconhecido)


Vivemos num mundo perigoso e em crise. Num país também ele em crise.
Em crise permanente. Apenas económica? Não me parece. Também crise de valores.
Ou melhor, da falta deles!
Vivemos rodeados pela injustiça, pela mentira, pela desonestidade.
O desânimo instalou-se dentro de nós e não quer sair.
Há que expulsá-lo, arranjar forças e não baixar os braços.
Temos que lutar contra o desencanto, todos os dias, a todas as horas... sempre!


Um abraço,

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O tempo que nos resta


O grito de Edvard Munch - 1893


De súbito sabemos que é já tarde. Quando a luz se faz outra, quando os ramos da árvore que somos soltam folhas e o sangue que tínhamos não arde como ardia, sabemos que viemos e que vamos. Que não será aqui a nossa festa. De súbito chegamos a saber que andávamos sozinhos. De súbito vemos sem sombra alguma que não existe aquilo em que nos apoiávamos. A solidão deixou de ser um nome apenas. Tocamo-la, empurra-nos e agride-nos. Dói. Dói tanto! E parece-nos que há um mundo inteiro a gritar de dor, e que à nossa volta quase todos sofrem e são sós. Temos de ter, necessariamente, uma alma. Se não, onde se alojaria este frio que não está no corpo?Rimos e sabemos que não é verdade. Falamos e sabemos que não somos nós quem fala.

Já não acreditamos naquilo que todos dizem. Os jornais caem-nos das mãos. Sabemos que aquilo que todos fazem conduz ao vazio que todos têm. Poderíamos continuar adormecidos, distraídos, entretidos. Como os outros. Mas naquele momento vemos com clareza que tudo terá de ser diferente. Que teremos de fazer qualquer coisa semelhante a levantarmo-nos de um charco. Qualquer coisa como empreender uma viagem até ao castelo distante onde temos uma herança de nobreza a receber. O tempo que nos resta é de aventura. E temos de andar depressa. Não sabemos se esse tempo que ainda temos é bastante. E de súbito descobrimos que temos de escolher aquilo que antes havíamos desprezado. Há uma imensa fome de verdade a gritar sem ruído, uma vontade grande de não mais ter medo, o reconhecimento de que é preciso baixar a fronte e pedir ajuda. E perguntar o caminho.

Ficamos a saber que pouco se aproveita de tudo o que fizemos, de tudo o que nos deram, de tudo o que conseguimos. E há um poema, que devíamos ter dito e não dissemos, a morder a recordação dos nossos gestos. As mãos, vazias, tristemente caídas ao longo do corpo. Mãos talvez sujas. Sujas talvez de dores alheias. E o fundo de nós vomita para diante do nosso olhar aquelas coisas que fizemos e tínhamos tentado esquecer. São, algumas delas, figuras monstruosas, muito negras, que se agitam numa dança animalesca. Não as queremos, mas estão cá dentro. São obra nossa. Detestarmo-nos a nós mesmos é bastante mais fácil do que parece, mas sabemos que também isso é um ponto da viagem e que não nos podemos deter aí. Agora o tempo que nos resta deve ser povoado de espingardas. Lutar contra nós mesmos era o que devíamos ter aprendido desde o início.

Todo o tempo deve ser agora de coragem. De combate. Os nossos direitos, o conforto e a segurança? Deixem-nos rir... Já não caímos nisso! Doravante o tempo é de buscar deveres dos bons. De complicar a vida. De dar até que comece a doer-nos. E, depois, continuar até que doa mais. Até que doa tudo. Não queremos perder nem mais uma gota de alegria, nem mais um fio de sol na alma, nem mais um instante do tempo que nos resta.

Paulo Geraldo