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Não têm sido fáceis para mim estes últimos meses. Regressei a uma "quase" normalidade da minha vida quotidiana. Ponho o quase entre aspas porque essa normalidade é bastante relativa. Ainda pairam sobre a minha cabeça demasiados fantasmas, demasiadas angústias e interrogações. E se ...?
Tenho vivido estes últimos tempos a caminho e dentro de hospitais. Meu Deus, já era para me ter livrado deste cheiro enjoativo a remédios e tratamentos, mas não !!!
O cheiro persegue-me para além das paredes onde deveria estar confinado. Persegue-me o cheiro e o medo. Persegue-me o medo e a revolta. E a impotência também, o realizar que nada posso contra a adversidade quando ela teima em me bater à porta e, não obstante a minha recusa ela teima, empurra a porta e entra sem autorização. Entra de rompante e põe-me a vida de pernas para o ar. Mal me dá tempo para respirar.
Não me deixa espaço de manobra para me defender, ao menos para me defender já que para lutar não tenho forças suficientes. Confesso que estou exaurida das poucas forças que me restavam, confesso que na maior parte das vezes apenas penso em me atirar ao chão e deixar-me ficar.
Mas, e depois de atirada a toalha ao tapete ? E os outros, os que me cercam, que precisam de mim apesar dos meus poucos préstimos para lhes valer? É por pensar neles que ainda não baixei totalmente a guarda, que faço os possíveis e os impossíveis para me manter à tona. Só por pensar neles.
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