quinta-feira, 12 de junho de 2008

O MANIFESTO

Decidi que este post de hoje devia ir ao encontro da proposta feita pelo J.G. no O Sino da Aldeia. Foi proposto pelo autor do blog que, quem desejasse comentar o seu post sobre o trabalho, preveligiasse a criatividade ao invés do trabalho. Trago aqui umas ideias interessantes, não são minhas embora subscreva sem problemas a maioria delas. Nesta altura do ano, em que o calor começa a apertar até a criatividade começa a dar muito trabalho cá pelo Alentejo. Os neurónios param e chega-me cá uma moleza... ou seja cria-se na minha cabeça um imenso deserto de ideias. Quando isso acontece o melhor é mesmo parar e ficar à espera que a crise passe. Agora vou passar a palavra a Tom Hodgkinson.
0
*************
0

A religião da Indústria transformou os seres humanos em robots
A imposição da disciplina do trabalho a sonhadores despreocupados escraviza-nos a todos
A alegria e a sabedoria foram substituídos pelo trabalho e a preocupação
Há que defender o nosso direito de sermos preguiçosos
É no nosso ócio que nos fazemos o que somos; é quando preguiçosos que alcançamos o autodomínio
Os empregos roubam-nos o tempo
A Produtividade e o Progresso conduziram à ansiedade e ao mal-estar
A Tecnologia aprisiona-nos ao prometer libertar-nos
As carreiras são fantasmas
O dinheiro é uma criação da mente
Podemos criar o nosso próprio paraíso
A liberdade acarreta a responsabilidade
Nada tem de ser feito
Sê bom para ti mesmo
Fica na cama
A inacção é a nascente da criação
Arte, gente, vida
Pão, presunto, cerveja
Vive primeiro, trabalha depois
O tempo não é dinheiro
Pára de gastar
Deixa o teu emprego
Estuda a arte de viver
Vive devagar, morre velho
Não te comprometas
Aprende nada
Faz nada
Sê ocioso!

Tom Hodgkinson in Os Prazeres do Ócio: 24 horas, 24 maneiras de não fazer nada
0
0
Este livro foi considerado pela Time Out como " Um dos manifestos mais provocadores, divertidos, subversivos e francamente relevantes desta ou de qualquer outra época". Os Prazeres do Ócio foi o seu primeiro livro. Hodgkinson é filho de jornalistas, trabalhou numa loja de skates e numa revista até ser finalmente despedido. Com o subsídio de desemprego na mão ( não é idêntico ao de Portugal obviamente) lançou em 1993 uma revista onde ainda hoje finge que trabalha e cujo título The Idler ( O Ocioso) faz juz à filosofia defendida pelo autor. Filosofia que Hodgkinson tão bem defende baseando-se em outros ociosos famosos como Oscar Wilde ou William Blake. É verdadeiramente um prazer ler este livro, ainda vou a meio, leio-o por capítulos, devagar, para não me cansar e ter algo sempre que fazer porque como também refere Hodgkinson citando O. Wilde "... não fazer nada dá muito trabalho..."
0
Um abraço

2 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

A minha ideia era subversiva, em jeito de provocação ao poder.

Aproveito para comentar o post mais recente, dizendo que sebastião da Gama foi um grande pedagogo e humanista, de poesia simples e entendível até pelos mais humildes e menos instruídos. Um homem a quem a educação do País deve muito.

Saudações.

paginadora disse...

Jorge
Entendi a tua ideia, bem como a dos 3 efes. Gostei especialmente do último, o do Forrobodó.

O livro de que falo no post é todo ele também provocatório e além do mais faz-me rir, o que nos tempos que correm é cada vez mais difícil.

Concordo inteiramente contigo quanto a Sebastião da Gama.
Um abraço e uma boa semana de trabalho.