sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
sábado, 23 de fevereiro de 2008
José Afonso
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Os vampiros
No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
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Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
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A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas
São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei
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Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
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No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
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Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
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Para o José Afonso
na tua voz de vento
era de sangue e oiro
e um astro insubmisso
que era menino e homem
fulgurava nas águas
entre fogos silvestres.
Cantavas para todos
os acordes da terra,
os obscuros gritos
e os delírios e as fúrias
de uma revolta justa
contra eternos vampiros.
Que imensa a aventura
da luz por entre as sombras!
A vida convertia-se
num rio incandescente
e num prodígio branco
o canto sobre os barcos!
E o desejo tão fundo
centrava-se num ponto
em que atingia o uno
e a claridade intacta.
O canto era carícia
para uma ferida extrema
que era de todos nós
na angústia insustentável.
Mas ressurgia dela
a mais fina energia
ressuscitando o ser
em plenitude de água
e de um fogo amoroso.
É já manhã cantor
e o teu canto não cessa
onde não há a morte
e o coração começa.
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paginadora
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20:37
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Marcadores: António Ramos Rosa, homenagem, Os vampiros, Zeca Afonso
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Album fotográfico (preciosidades)
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paginadora
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21:40
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Marcadores: casas, casinhas, engenharia técnica, fotografias, mamarrachos
Direito à indignação
Um abraço
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paginadora
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20:30
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Marcadores: indignação, selo
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Aqui vos deixo este prémio
Foram estas páginas contempladas pelo amigo Vieira Calado com este prémio, a quem agradeço a amabilidade da distinção .
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Na dificuldade que sinto em o atribuir apenas a 7 amigos aqui o deixo para todos os que visitam este blogue.
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Sirvam-se à vontade porque ele é vosso.
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Um abraço
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paginadora
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21:45
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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Escuto
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Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou deus
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Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita
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Apenas sei que caminho como quem
É olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco
00000000000000000 Sophia de Mello Breyner Andresen
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Após uma pequena ausência eis-me de volta, não sei ainda com que frequência mas o importante é ir voltando.
Hoje deixo-vos com este poema de Sophia, que considero muito belo. Desejo a todos os meus amigos e leitores um bom fim-de-semana.
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0 0 0 Um abraço do tamanho do mundo
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paginadora
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21:56
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